quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Atendendo a pedidos (ou apontamentos sobre Burle Marx)


Os bailarinos que estão em processo de construção cênica sob a direção de Dani Lima apontaram a necessidade de um maior detalhamento sobre o projeto paisagístico do Burle Marx para o Largo do Machado. O fato é que me deliciei enquanto desvelava os detalhes. Espero que aconteça o mesmo com vocês. Seguem, portanto, alguns pequenos apontamentos retirados de uma revista de arquitetura:


1) A morfologia da praça brasileira difere bastante da encontrada em cidades européias. Aqui, os espaços secos, que caracterizaram as piazzes e plazas da Europa, são chamados de largos, pátios ou terreiros. Costumamos chamar de praça espaços ajardinados.

2) O projeto de Roberto Burle Marx para o Largo do Machado é de 1954 e uma característica interessante é a presença da árvore abricó-de-macaco, espécie amazônica trazida das Guianas pelo próprio paisagista. Ela tem muitos frutos e dá flores que saem diretamente do tronco (foto).

3) O projeto teve três grandes pilares: a preservação da vegetação especificada por Glaziou (autor do projeto anterior), uma composição renovadora, marcada pelos canteiros e bancos de concreto que os circundam e o desenho moderno do piso, que foi valorizado pelo mosaico de pedra portuguesa branca, preta e vermelha, com desenhos abstratos e de grande força conceitual.

4) Na década de 70, com a implantação do Metrô no coração da praça, o Largo sofreu novas mudanças. Foi feita uma área de acréscimo no alargamento da Rua do Catete para a implantação do respiradouro do Metrô. O projeto atual é diferente do original pela pedra portuguesa com contraste feito por apenas 2 cores (antes eram 3) e pela distribuição aleatória das árvores. Aliás, no local onde foi introduzida a Estação, foram retirados um canteiro e algumas árvores.

5) O projeto de reurbanização do Largo do Machado dotou a praça de rampas de acesso para deficientes, idosos e carrinhos e inseriu novas espécies vegetais no cenário, tornando o local bastante sombreado e, por consequência, inseguro. Na década de 90, a Fundação Parques e Jardins introduziu mesas de jogos em frente à Escola Amaro Cavalcante e um playground no canteiro próximo à esquina das ruas das Laranjeiras e Ministro Tavares de Lira.


Fonte: CADERNOS (vol 8) PROARQ -Programa de Pós-graduação em Arquitetura da UFRJ/2004.

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