segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Largo do açougueiro


O episódio de ontem dos Simpsons foi sobre as consequências da instalação de câmeras de segurança em Springfield. Resumindo, Bart descobre em seu quintal um ponto cego que, por pura diversão, cerca com tinta. Seu pai, pra descolar um trocado, começa a cobrar pela entrada e permanência no espaço, que vira uma terra de ninguém, com direito à queima de ventrílocos e uso de drogas, tudo isso enquanto a pessoa que os vigiava por monitores (Mr. Flanders) estranhava a calmaria da cidade. Como não há coincidências suficientes pra dar conta dos fatos, achei interessante assistir justamente a esse episódio na véspera de começar a pesquisa deste projeto, que vem mapeando o Largo do Machado para a realização de uma dramaturgia vista sob a ótica de câmeras de segurança. De cima pra baixo, exercitando a misteriosa arte de ver sem ser visto.

Antes disso, na primeira reunião de equipe, na sexta feira, Paola tinha comentado que o Largo do Machado assim se chamava por conta de um açougueiro que tinha uma machado na porta de seu estabelecimento. Acabada a reunião, ao passarmos pelo Largo, nos deparamos com uma espécie de confessionário, onde tem escrito um suposto diálogo entre um investigador e Machado de Assis, que confirma a versão da wikipedia, acrescendo, ainda, que o escritor tinha somente 3 anos na época em que o Largo já era muito famoso.

Hoje apareci por lá no final da tarde e escolhi observar os adolescentes na porta da escola, naquele ócio desprovido de culpa que só eles sabem ter. Fiquei reparando nesse menino que olha pra cima na foto. Ele ficou o maior tempão ali, e eu, de tanto olhar pra ele, acabei entrando na onda e só então fui me dar conta de como a tarde estava bonita. Olhar pra cima exercita a contemplação. Os adolescentes usam a praça pra alongar o tempo de diferentes formas, seja roendo as unhas, tomando uma coca-cola ou jogando charme pras gatinhas (como parece fazer aquele estudante lá do fundo).

Depois disso fui pra casa ligada na lua, que tá linda de cheia. Feliz por ter podido desacelerar, nem que por pouco tempo, em plena segunda-feira.

2 comentários:

Anônimo disse...

1.Você sabia que o paisagismo do Largo do Machado é tombado e data de 1945?
2. Você sabia que a feirinha é autorizada pela prefeitura?
Chega de "você sabia" - sabemos que um ambiente desleixado atraí tudo de negativo e nefasto.
No dia 05 de agosto de 2010 o senhor Roberto Moraes enviou o texto abaixo para a empresa TOTVS (www.totvs.com.br)
" Saudações à Empresa TOTVS!
Sirvo-me da presente mensagem para solicitar à brilhante Empresa TOTVS, o que faço por vosso intermédio, a possibilidade da análise de "apadrinhamento", pela Empresa, da Praça do Largo do Machado, na cidade do Rio de Janeiro.
O pleito aqui em sugestão, cumpre modelo de execução que já vem ocorrendo em inúmeros locais aprazíveis, situados em diversas cidades no mundo inteiro, com extraordinário sucesso de marketing e divulgação! Por óbvio que o pretendido, além de ser de interesse da comunidade da área abrangida pelo logradouro, viria trazer enorme prestígio e apreço ao nome da Empresa, vinculando-a não só a inúmeros princípios de natureza ambiental, tão importantes na atualidade que vivemos, como a outros tantos, de caráter altruístico, relativos à Empresa, em relação à população desta "Cidade Maravilhosa"!
Cumpre-me instar com a presente sugestão, haja vista ser um cidadão residente nas cercanias do local em questão, além de admirador da área.
Com a certeza de uma adequada avaliação ao que se está a propor, antecipo minha gratidão, com protestos de especial apreço!"

Certa vez sonhei com o Largo do Machado do seguinte modo: http://3.bp.blogspot.com/_zRUjhwpf4Cw/SSFvw2V8PGI/AAAAAAAABwM/Un0erK97GY4/s1600-h/jardim-06.jpg

então acordei e fui para o trabalho na www.galeriacondor.com

Continuo sonhando.

Anônimo disse...

Quanto a foto do jovem olhando para o alto:

Eu poderia considerar uma foto bem romântica se eu não tivesse visto o lixo no chão(lado direito) e soubesse que o poder público não dá estrutura ao ensino público e nem incentivo aos jovens (não o suficiente - para não ser injusto).